Quando
inaugurei minha coluna política no site www.panelaspernambuco.com, em junho
de 2014, optei pelo tema “Política: para você não ser um idiota!”. Além de
fazer uma síntese do livro dos escritores Janine Ribeiro (ex-ministro da
educação e professor da USP) e do Sérgio Cortella (professor de filosofia da
PUC/SP), cujo título era praticamente o mesmo do meu texto, o objetivo era
alertar os cidadãos panelenses para a necessária participação nos debates e,
consequentemente, o envolvimento da população nos temas que dialogassem direta
ou indiretamente com a Administração Pública Municipal.
Na
oportunidade, salientei o conceito para o termo “idiota” que, do grego (idiotés),
seria algo como “aquele que só vive a vida privada”, já que para os gregos
participar da vida pública e das decisões do coletivo era obrigação das pessoas
que viviam inseridos naquela sociedade.
Curioso
como saímos de um pensamento tão evoluído e coerente, já que somos todos “sócios”;
daí o termo “sociedade”, oriundo do latim societas, que significa “associação
amistosa com outros” para nos depararmos com o ar de superioridade com que
muitos bravejam seu desinteresse ou sua completa falta de comprometimento com o
bem comum e, pior, não percebem que o não envolvimento no debate os torna “automaticamente
comprometidos com a omissão”. Em outras palavras, estando à revelia do debate o
“associado” ausente concordou com tudo.
Superados
esses pontos, como seria conceituada a participação na política pelos motivos
errados? Ora, se ser um idiota é “preocupar-se apenas com a vida privada”, o
que seria participar das atividades políticas, não em busca de um Bem comum,
mas de vantagens pessoais ou privilégios que a vida pública possivelmente poderia
trazer? É o mesmo que dizer que alguém concorda com o político “fulano” não
porque ele tem bons argumentos e está fazendo sentido, mas porque seu contrato
temporário depende dessa concordância. Portanto, estaríamos falando de uma
forma desvirtuada de participação, onde a distorção dos princípios básicos, trariam
efeitos contrários do ideal da busca pelo bem comum.
Aristóteles
(384-322 a.C.) classificou três formas puras de governo. A Monarquia, onde
apenas um indivíduo governa sobre os demais. A Aristocracia, que seria o governo
de alguns (os melhores e mais preparados) sobre os demais e o Governo
Constitucional, onde a maioria governa a cidade para o bem de todos (Democracia
ou Politéia). As formas impuras são justamente as três anteriores desvirtuadas.
A Monarquia desvirtuada seria Tirania, onde a vontade de um prevaleceria contra
a ordem jurídica (governaria para si próprio), a Aristocracia desvirtuada seria
Oligarquia, onde os possuidores de riquezas, grupos ou famílias governariam
para si e, por fim, a Demagogia, que seria a degeneração da Democracia, que
seria um sistema onde se busca ou se mantém o poder através da manipulação das
massas, utilizando-se de argumentos falaciosos, promessas, fazendo uso das paixões
políticas e sentimentos do eleitorado.
O
mercado de compra e de venda de consciências, normalmente atribuídas à política
de coalizão, onde existem acordos entre o executivo e seus fiscais (o
legislativo), unindo-se para conseguirem objetivos específicos (apoio político)
para fins, muitas vezes anti-democráticos, ou melhor, demagogos, são estruturas
antigas da subpolítica e da nefasta busca do poder pelo poder, do dinheiro pelo
dinheiro, onde o bem comum é uma carta fora do jogo e o povo não vê os dados
viciados na roleta dos anos eleitorais.
O
propósito da subpolítica (o sobsolo da política) é justamente a perpetuação do
poder por critérios inválidos para preceitos democráticos. A dominação, exercida
através da necessidade, miséria ou falta de instrução, é uma das formas mais
covardes de se governar ou participar da vida pública. Alimentar a desigualdade
para se alimentar dela, é assumir a condição de parasita social, sugador daquilo
que é considerado mais sagrado: o direito a vida, a liberdade e a justiça.
Afinal,
Adam Smith (1723-1790), já sabia que “a
riqueza de uma nação é aferida pela riqueza do seu povo, não pela riqueza de
seus políticos”. Pelo que se nota na subpolítica panelense, somos cidadãos do
século XX, vivendo no século XXI, mais perdidos políticamente que os cidadãos
do século XVIII.
Pierre Logan
2 Comentários
Eita! Voltou com tudo! É interessante como podemos perceber a quantidade de demagogos que existem hoje na nossa cidade. Como eles se retroalimentam das mesmas coisas para continuar com o mesmo tipo de comportamento, que criticam em quem está contrário a eles. Mesmo quando elogiam o comportamento de alguém que não cai na demagogia volto para essa forma de ação. Pois são assim. A fome aqui também é muito usada para desviar as pessoas de discussões políticas, porque afinal de contas quando você não consegui suprir nem mesmo suas necesidades básicas, fica muito mais difícil de pensar além disso, essa é uma forma de controle sempre usada por quem quer o poder pelo poder.
ResponderExcluirTexto ótimo. O povo de Panelas precisa acordar de verdade,pois muitos que estão acordados se comportam como sonâmbulos. São bajuladores que só pensam em seu próprio bem estar.
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