A SUBPOLÍTICA

 

A definição que pretendo sugerir não corresponde a definição dada pelo sociólogo Ulrich Beck (1944-2015), onde diz que subpolítica seria uma forma cujo surgimento veio com a modernização reflexiva, pois “agentes externos” ao sistema político exerceriam, de acordo com sua tese, influência no planejamento social. Penso que a definição utilizada por ele seja muito bem recepcionada com o que chamamos no Brasil de Lobby. Vamos ao texto.

A palavra “política” é derivada do grego (do Grego: πολιτικός / politikos), o termo era utilizado para designar os cidadãos que viviam na “polis” (cidade). Em sentido estrito, Polis (politeia) era utilizado para se referir à cidade e num sentido amplo à sociedade organizada. Em linhas gerais podemos dizer que a política é necessária na medida em que há necessidade de convivência, ou seja, de existir em conjunto, pois se duas ou mais pessoas precisam se relacionar é preciso que existam regras definidas de convivência.

A participação na comunidade (o que é comum), a vida em coletividade (coletivo) é, portanto, a origem da política. Inconscientemente buscamos a vida em comunidade. Por essa razão o filósofo Aristóteles (384 a.C. a 322 a. C.) definiu o ser humano como sendo um animal político. Para Aristóteles a política começa na convivência com a família, depois se expande para o resto da sociedade.

É notório que política, por definição, é algo que se refere àquilo que é público. Sendo assim, a função do político é identificar, analisar e resolver problemas e necessidades da sociedade.

Se a busca pelo bem comum é o que chamamos de política então como chamar o afastamento desse ideal e seus atores descompromissados com o interesse público? Ora, não podemos chamar agentes que buscam vantagens para si, privilégios para seus pares ou que buscam se locupletar com o dinheiro público de políticos, mas se concordarmos com a aplicação do termo e aceitarmos que esses são os protagonistas da política, então, como chamaríamos os que buscam verdadeiramente o ideal que originou o termo e promovem esforços para busca do bem comum?

Se concordarmos que “para coisas diferentes devemos usar nomes diferentes” torna-se necessário encontrar algum termo que se encaixe em quem participa da vida pública e busca o bem comum e quem participa da vida pública e não busca o bem comum. Como o termo “política” foi designado para aqueles que se importam em desenvolver a comunidade, melhorar a vida dos indivíduos que estão inseridos na sociedade, penso que resta apenas denominar os que desvirtuaram essa lógica. Como os interesses escusos, são relativos à política, porém, se encontram abaixo dela e de seu objetivo nobre, chamarei doravante essa prática espúria de subpolítica e, consequentemente, seus agentes de subpolíticos.

Portanto, subpolítica é tudo o que corresponde ao processo de desvirtuamento daquilo que visa o bem comum. São as atitudes e práticas que visam trazer benefícios pessoais (particulares) em detrimento do que é público ou utilizando-se dele para instrumentalização de seus próprios interesses egoístas. Subpolíticos são os que buscam o poder apenas pelo poder, privilégios, utilização de prerrogativas para finalidades estranhas ao cargo e ao justo funcionamento da coletividade.

Após essa breve definição fica evidente que políticos são indivíduos raros no meio partidário ou eleitoral. Muitos cidadãos honestos, profissionais que conseguiram sucesso em seu meio e com extrema capacidade de contribuir para o coletivo, afastam-se cada vez mais do ambiente público, deixam de dar sua contribuição para a busca do bem comum com receio de serem confundidos com subpolíticos.

Existe uma possibilidade não muito remota de que, aplicando o termo correto, ou seja, diferenciando bem o que é político (o que busca o bem comum) e o que é subpolítico (o que busca poder, privilégios e dinheiro) nós possamos atrair cidadãos de bem, pessoas virtuosas, honestas e trabalhadoras que, ou têm vocação para política, ou tiveram sucesso em suas profissões e agora buscam contribuir para a Sociedade.

Pierre Logan